Moda plus size ganha mercado e favorece público em busca de peças 'sob medida'

Moda plus size ganha mercado e favorece público em busca de peças 'sob medida'


Regulamentada há pouco mais de 40 anos, a profissão de modelo é uma escolha com grande concorrência e diversas exigências. Mas este cenário vem mudando com a abertura do mercado para os mais variados tipos de profissionais, já que em alguns casos altura, peso e idade deixaram de ser fatores relevantes.


Com o novo segmento de plus size, há espaço para realização do sonho mesmo quando a idade e o biotipo não seguem os antigos padrões impostos pelo mundo da moda. Este é o caso de uma da modelo plus size da FestMalhas 2019, Silvia Neves, de 45 anos. Ela começou a carreira em 2009, após passar por muito preconceito e ouvir vários “nãos”.


Com 1,75 de altura e 85 quilos, a ex funcionária pública havia desistido de se tornar modelo, até que um dia assistiu à entrevista de uma modelo plus size que tinha feito carreira em Nova York, nos Estados Unidos. Foi então, que Silvia começou a pesquisar sobre o assunto, fez um ensaio fotográfico e buscou por agências que oferecem oportunidades para modelos que usam manequim acima do 44.


“Durante a minha adolescência, várias portas se fecharam para mim, as agências não davam abertura à alguém com 10, 15 quilos acima do que era considerado o ideal. Depois que começou o movimento plus size, eu ainda sofri algum tipo de preconceito, pois, mesmo as marcas que faziam roupas grandes não contratavam modelos mais gordinhas, elas preferiam as modelos convencionais que vestem manequim 38”, pontua.
Confecções de Jacutinga investem em produtos voltados para a moda plus size — Foto: Nívea Dias


O nicho de produtos voltados para pessoas acima do peso e obesas representa apenas 5% do varejo de moda no Brasil. Um levantamento da Associação Brasil Plus Size (ABPS) mostra que há um abismo e falta de exploração de um mercado altamente necessitado. De acordo com a modelo, algumas empresas ainda têm certas restrições e confeccionam apenas até o tamanho 52, deixando sem opção mulheres que usam medidas maiores.


“A moda plus size no Brasil, ainda, precisa de muita abertura, incentivo e investimento em modelagens. A reclamação que eu mais ouço é em relação à grade de tamanho das maiorias das marcas. Até há algum tempo, só se encontrava roupas da moda até o número 52, hoje já temos algumas marcas que chegam no tamanho 60. Mas, o que queremos é a verdadeira inclusão, as lojas de departamento não abrangem todos os tipos de corpos. Nem deveria existir essa divisão de moda convencional e moda plus size, tudo é moda”, reforça.


De acordo com com levantamento da ABPS, a indústria plus size no Brasil movimentou mais de R$ 7 bilhões em 2018 e teve um crescimento de 8% . Visando esse cenário, confecções de Jacutinga investem nesse nicho de produtos. Mesmo diante desse cenário, "ainda há um abismo e falta de exploração de um mercado carente de oferta", comenta a empresária Maria Stecca Farina.


Vendo o crescimento de mercado, Maria resolveu investir nos tamanhos maiores e, hoje em dia, sua grade de produtos chega ao número 48. Porém, as peças tendências não passam do tamanho GG. Embora 20% da sua confecção seja voltada para a moda plus size, Maria trabalha com peças sob encomenda e tem uma clientela fixa.
O nicho de produtos voltados para a moda plus size representa apenas 5% do varejo de moda no Brasil. — Foto: Nívea Dias


“O público desse segmento, muitas vezes não tem tanta variedade como os modelos conhecidos como “moda ‘jovem’. Então, minha malharia confecciona peças populares e de tendência até o tamanho GG, roupas de tamanhos maiores são feitas sob encomenda dos clientes que já conhecem os nossos produtos.”.


Dicas de moda


De acordo com a Consultora e Coach de Imagem e Estilo, Sarah Bonin, há dez anos a maioria das roupas plus size não seguiam as tendências de moda, eram peças com modelagens voltadas para um público mais velho. Esse fator impactava na vida das jovens que usam manequins maiores que 44, mas ao mesmo tempo queriam se vestir bem com peças modernas e elegantes.


Com a dificuldade de encontrar roupas arrojadas, mesmo diante do crescimento deste de mercado, a estilista dá dicas de como harmonizar um look mais básico.


“O uso de acessório, como lenços e colares, ajudam a compor o look. Assim como bolsas e sapatos podem dar estilo ao visual mais básico. Pensar na cores na hora de se vestir é fundamental para compor uma aparência que combine com cada tipo de corpo. Tons escuros disfarçam as partes com mais volumes, assim como as roupas claras colocam em evidências as demais parte do corpo”, explica.




FestMalhas




As malharias que confeccionam a moda plus size estão presentes na FestMalhas Jactinga 2019. Em sua 42º edição, o evento que teve início no dia 7 de junho, vai até o dia 23. A Feira é gratuita e envolve todo o comércio do município de Jacutinga. Os horários de visitação serão de 8h às 18h, de segunda a quinta-feira e 8h às 20h, às sextas, sábados, domingos e feriados.


A estrutura principal da feira será montada na Rua Augusto Felipe Wolf, porém, todo o comércio da cidade estará envolvido. Mais informações podem ser obtidas pelas redes sociais do evento.

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